quinta-feira, 19 de março de 2009

Viu estas peças? (I)

Pertencem ao Museu João Baptista Duarte, inaugurado em 1937, numa dependência da praça de touros do Campo Pequeno. Há alguns anos, as centenas de peças que compunham o acervo do museu desapareceram misteriosamente (?), levando consigo uma importantíssima parte da memória daquela praça e da própria tauromaquia portuguesa. O caso deve ser único no mundo. Não desapareceu um, nem dois objectos: foi todo o recheio do museu que levou sumiço. É certo que o touro cuja cabeça aqui se reproduz se chamava Vadiante, mas não terá sido por isso que o animal deixou o museu e anda por aí a vadiar...
As imagens são da autoria do fotógrafo Mário Novais e foram publicadas no nº 25/26 da revista «Panorama», em 1945.


2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Alberto Franco,

Para quando um Museu Taurino no Campo Pequeno?...

Na altura da reinauguração da Praça de Touros do Campo Pequeno (Maio de 2006), foi anunciado pela empresa, que iria ser instalado um Museu Tauromáquico, no piso térreo da praça, mais propriamente na zona por cima dos curros, estando a reunir-se material para o mesmo.

Também se noticiou, na mesma altura, que iriam ser implementadas visitas guiadas à praça, que incluiriam no percurso das mesmas, a passagem pelo museu taurino.

Saliente-se que este tipo de actividades, já há muito que são desenvolvidas na vizinha Espanha, em diversas praças de touros, nomeadamente nas mais importantes, como por exemplo as de Sevilha e Madrid, entre outras que possuem um museu dedicado à tauromaquia nas suas instalações.

O futuro museu, a ser criado, seria mais um pólo de interesse, para o complexo do Campo Pequeno e uma mais valia para o turismo de Lisboa.

Actualmente, não existe em Portugal, um único museu institucional, dedicado em exclusivo ao universo tauromáquico.

O Campo Pequeno chegou a possuir um interessante museu taurino, cujo valioso recheio desapareceu misteriosamente, embora o empresário Fernando dos Santos, tenha afirmado recentemente ao semanário “Farpas”, que quando foi responsável pela condução dos destinos da monumental lisboeta, encontrou o conteúdo do museu ou parte dele, num estado avançado de degradação e sem recuperação possível.
De qualquer modo, as dúvidas permanecem e subsiste a esperança de que um dia destes, qual “D. Sebastião numa noite de nevoeiro”, algumas peças apareçam de novo, vindas do seu retiro secreto!

Nos anos 60 do século passado, existiu um extraordinário museu tauromáquico, na Quinta das Terras, em Pinheiro de Loures, pertença do distinto aficionado Francisco José Simões.
Segundo Jayme Duarte de Almeida na sua “Enciclopédia Tauromáquica”: “Francisco Simões pertence a uma família de industriais e aficionados de muita valia, tendo começado muito cedo a frequentar as arenas, sobretudo as de Espanha.
Dessa “aficion” sempre mais cimentada, resultou a deliberação de reunir documentos de toda a espécie, ligados à festa tauromáquica, tomada em tão boa hora que, dado o valor dos objectos coleccionados, pôde Francisco Simões estabelecer um excelente museu de toureio que é sem dúvida, na actualidade (1962), o mais completo que existe em Portugal e um dos melhores que em todo o mundo, se devem à iniciativa particular.”
Ignoro qual o destino das valiosas peças que o constituíam. Seria importante saber por onde param, embora o mais certo tenha sido a sua dispersão por colecções particulares.

Próximo de Sintra, em Alcolombal, existia um museu taurino, pertença do pai do cavaleiro Nuno Pardal, em relação ao qual, desconheço também a situação actual do mesmo.

Em Almeirim, temos conhecimento de um importante museu particular, relacionado com a Tauromaquia, pertença de João Simões, antigo cabo do grupo de forcados do Aposento da Moita. Entre o seu valioso conteúdo, releve-se a presença de miniaturas perfeitas das praças de touros do Campo Pequeno, em Lisboa e Daniel do Nascimento, na Moita do Ribatejo.

Na cidade de Montemor-o-Novo, mais propriamente no seu Museu Arqueológico, existe uma sala dedicada à Tauromaquia, onde podemos encontrar uma rica e variada colecção de elementos ligados às corridas de touros. Destacam-se os trajes de toureiros, como o de Luís da Veiga, bem como peças de outros toureiros e forcados desta urbe alentejana.

Finalmente não nos podemos esquecer do excelente museu particular do matador Mário Coelho, em Vila Franca de Xira, instalado na casa onde nasceu. Neste espaço, podemos apreciar uma colecção de troféus, pinturas e outros objectos, relacionados com a sua carreira nas arenas de todo o mundo.

Ainda a propósito da cidade de Vila Franca e, por notícias vindas a público, existe a intenção, por parte da sua aficionada presidente, Maria da Luz Rosinha, de criar um museu taurino nesta cidade, existindo já estudos para esse efeito.
Fazemos votos de que este projecto não fique apenas no plano das intenções e que rapidamente seja concretizado.

Voltando à monumental alfacinha - tema central desta prosa - gostava de tornar público que há algum tempo atrás e porque não havia qualquer notícia sobre o seu museu, que inclusivamente está anunciado no sítio da empresa, tomei a iniciativa de dirigir uma missiva ao Director Geral do Campo Pequeno, Senhor David Ferreira.
Nessa carta, mostrei disponibilidade para participar em exposições temporárias, no futuro Museu Taurino do Campo Pequeno, não colocando de parte e dependendo de condições a acordar, ceder em depósito, algumas peças da minha colecção de Tauromaquia, para serem expostas no referido museu.
Em amável carta endereçada ao autor destas linhas, com data de 3 de Abril de 2008, o Dr. David Ferreira, Director Geral da SRUCP -Soc. Renovação Urbana Campo Pequeno, S.A., confirmou a intenção da empresa responsável pela administração do Campo Pequeno, de recriar o Museu Tauromáquico do Campo Pequeno, pese embora tal desiderato poder ainda demorar mais algum tempo a implementar.
Segundo, ainda transmitiu, o Dr David Ferreira, há um conjunto de ideias que estão a ser desenvolvidas e que, de uma maneira ou doutra, interagem com a criação do Museu, nomeadamente a criação de um Clube Privado dos Aficionados Tauromáquicos, com instalações próprias dotadas de bar que constitua um ponto de encontro dos amantes da Festa e a criação de um programa de visitas guiadas à Praça, onde o Museu seja o seu ponto culminante.
Problemas logísticos relacionados com o espaço físico a afectar a estas iniciativas tem adiado, com pesar da empresa da monumental alfacinha, a concretização destas iniciativas, de que contudo não desistirão.
Passado quase um ano sobre esta missiva, infelizmente, a situação permanece inalterada, não se vislumbrando, até esta data, uma luz ao fundo do túnel, relativamente ao futuro Museu Tauromáquico do Campo Pequeno.

Melhores cumprimentos,

Fernando Baptista

alberto franco disse...

Caro Fernando Baptista

Louvo a sua iniciativa, junto da administração do Campo Pequeno. De facto, precisamos de um núcleo museológico que "conte" a história do toureio em Portugal. E que possa ser, simultaneamente, um foco de iniciativas culturais relacionadas com a tauromaquia. Quanto ao antigo museu do Campo Pequeno, mesmo que algumas peças se encontrassem degradadas, como diz o empresário, existem técnicas de recuperação notáveis. Vejam-se, como exemplo, as que são desenvolvidas pelo Museu Taurino de Valência, na recuperação de trajes de tourear (http://www.museotaurinovalencia.es/restauracion_actual.html). No Campo Pequeno ou noutro local, é importante que surja um museu taurino digno e dinâmico, gerido de acordo com as modernas regras da museologia.

Um abraço