Uma das sortes mais vistosas da lide equestre é o par de bandarilhas. Esta sorte vulgarizou-se em Portugal a
partir da década de 1930, com a rivalidade entre Simão da Veiga e João Núncio, prosseguiu através de cavaleiros como Manuel Conde, e, após uma fase de quase desaparição, renasceu nos anos 80 do século passado, com Joaquim Bastinhas. No entanto, um dos primeiros ginetes a praticá-la no nosso país terá sido um mexicano, Ponciano Díaz, no já longínquo ano de 1889.
Nascido em 1858, na hacienda de Atenco, Ponciano Díaz era um charro, isto é, um vaqueiro, tão destro no manejo do laço como a tourear a cavalo e a pé. Depois de se consagrar como novilheiro no seu país, sem deixar de praticar as sortes charras e as habilidades a cavalo, desloca-se à Europa em 1889, para cumprir uma série de oito contratos em praças de Espanha e Portugal. Acompanhado de outros dois charros, Agustín Oropeza e Celso González, Ponciano causa sensação pela indumentária e pelos descomunais bigodes. A 17 de Outubro, vestido de luces, recebe a alternativa de matador de touros, das mãos de Frascuelo, na praça de Madrid. Actua depois em Lisboa, onde maravilha os espectadores com os seus espectaculares números, entre os quais se destacava a sorte de bandarilhas a duas mãos. O antigo folheto de cordel contendo umas décimas dedicadas ao «Glorioso Êxito de Ponciano Díaz e dos seus Valentes Charros», que se reproduz, mostra o toureiro dos bigodes em acção. A gravura é do ilustrador mexicano José Guadalupe Posada.