
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Farto de tanta «dinastia»...

terça-feira, 7 de outubro de 2008
A verdade natural

Ao género humano custa aperceber-se das evidências. Quase sempre, é o que está mais próximo de nós que se vê mal ou nem sequer se vislumbra. A propósito da corrida em Vila Franca que juntou os matadores Luis Miguel Encabo, Salvador Cortés e António João Ferreira, e em resposta às inanidades que alguém escreveu sobre o festejo, o blog tauromaquianaturales.blogspot põe o dedo na ferida. E recorda que para o toureio a pé a sorte de varas é indispensável. Lidar sem varas touros de 4 anos ou novilhos quase touros, é meio caminho para o desastre. E onde está o problema? Responde Emílio Franco: o problema está que em Portugal ninguém luta por recuperar a sorte de varas. E sem ela o toureio a pé está inquestionavelmente falseado. Esta a verdade natural, em boa hora recordada.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Link do dia

quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Bibliotaurus (1)

A biografia é um dos géneros desde sempre privilegiados pela literatura de tema tauromáquico. Raro é o toureiro de fama cujos trabalhos e dias não foram contados, com maior ou menor fortuna, em letra impressa. Uma das melhores obras do género é «Juan Belmonte, matador de toros», do jornalista sevilhano Manuel Chaves Nogales (1897-1944).
Como realça a também jornalista Josefina Carabias no interessante epílogo à obra, Chaves Nogales não era aficionado, nem mostrava o menor interesse pela vida taurina. Resolveu escrever sobre Belmonte levado apenas «por el interés que despierta siempre en el escritor un tipo humano de carácter excepcional.»
A história é contada na primeira pessoa, mas por detrás do monólogo belmontino está Chaves Nogales e a limpidez da sua linguagem. De acordo com Josefina Carabias, não há nela «exageraciones, ditirambos, tecnicismos ni latiguillos». Daqui resulta a legibilidade das suas páginas, que a torna acessível a todos. Não é preciso ser-se aficionado de solera, nem conhecer a fundo o argot taurino para saborear o trabalho de Chaves Nogales como quem saboreia uma excelsa faena.
Pelas páginas do livro, publicado em 1935, perpassa um Belmonte de coração aberto, que recorda o seu debute em Elvas, numa quadrilha de niños sevillanos, as inúmeras dificuldades para impor o seu original toureio, o convívio com os intelectuais seus partidários e por fim o triunfo – ensombrecido pela trágica morte de Joselito, o rival com quem viveu aquela a que chamaram a Idade de Ouro do toureio.
Como realça a também jornalista Josefina Carabias no interessante epílogo à obra, Chaves Nogales não era aficionado, nem mostrava o menor interesse pela vida taurina. Resolveu escrever sobre Belmonte levado apenas «por el interés que despierta siempre en el escritor un tipo humano de carácter excepcional.»
A história é contada na primeira pessoa, mas por detrás do monólogo belmontino está Chaves Nogales e a limpidez da sua linguagem. De acordo com Josefina Carabias, não há nela «exageraciones, ditirambos, tecnicismos ni latiguillos». Daqui resulta a legibilidade das suas páginas, que a torna acessível a todos. Não é preciso ser-se aficionado de solera, nem conhecer a fundo o argot taurino para saborear o trabalho de Chaves Nogales como quem saboreia uma excelsa faena.
Pelas páginas do livro, publicado em 1935, perpassa um Belmonte de coração aberto, que recorda o seu debute em Elvas, numa quadrilha de niños sevillanos, as inúmeras dificuldades para impor o seu original toureio, o convívio com os intelectuais seus partidários e por fim o triunfo – ensombrecido pela trágica morte de Joselito, o rival com quem viveu aquela a que chamaram a Idade de Ouro do toureio.
(«Juan Belmonte, matador de toros», Alianza Editorial, Madrid, 2003)
Palmas para quê?

O pesadelo começa aos primeiros acordes do pasodoble. O casal-que-foi-aos-toiros-porque-está-lá-o-social, a jovem turista japonesa, o provecto turista americano, alçam as mãozinhas e vá de bater palmas a compasso. Pavlov teria aqui muito que estudar. É assim nos circos, quando toda a companhia desfila ao som da orquestra, ou quando os palhaços pedem às crianças que batam palminhas. O fenómeno tem nome: infantilização, mau gosto, ignorância. Por mim, se fosse cavalo ou toiro, enchia a arena de cheirosa matéria orgânica, como forma de protesto. Se fosse empresário, faria o inverso do que se faz em concursos e talk-shows televisivos. Em vez de pôr um sujeito a mandar o público bater palmas, poria um com um cartaz que rezaria: não bater palminhas enquanto a música toca. Tenho esperança que um dia destes um toureiro levante a mão e peça ao maestro para calar a fanfarra, e com ela o enervante palmejar. Como fazem os matadores-que-matam-mesmo, quando pedem à banda que suspenda a música no momento da estocada. Mas estamos em Portugal. Aqui não se afere o êxito dos artistas pelas orelhas que cortam, mas pelas voltas ao redondel ou pela musiquinha que soa ou não soa. Quem manda é o Paquito Chocolatero... Ou o Nerva, que sempre é menos kitsch.
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