segunda-feira, 29 de março de 2010

Um grito na parede: origem e evolução do cartel taurino (II)

A Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX) veio mecanizar e automatizar as artes gráficas. Surgem novas técnicas como a litografia e a cromolitografia, que vieram aperfeiçoar os desenhos e facilitar a impressão a cores. Aplicadas ao cartel taurino a partir de 1880, estas novas técnicas beneficiaram-no notavelmente. O tosco grafismo dos cartéis originários é substituído por imagens de apurada elaboração, cheias de detalhes e elementos decorativos, monocromáticas umas, outras com várias cores. Outra novidade desta época é o aparecimento dos chamados «programas de mão». Aos cartéis murais, de dois e mais metros, juntam-se folhetos de pequenas dimensões, que são distribuídos ao público. 
A transição entre os séculos XIX e XX é marcada culturalmente por uma diversidade de correntes: romantismo tardio, simbolismo, modernismo. As artes gráficas reflectem esta variedade de estilos e vivem momentos de fulgor. O cartelismo taurino é enriquecido com novos motivos e linguagens. Exploram-se as distintas fases da festa, com uma ou várias cenas que vão desde os touros no campo até ao momento da lide. Num registo barroco, sobrecarrega-se o conjunto com todo o tipo de símbolos: cabeças de touros, leques, utensílios da lide, grinaldas, brasões, etc.. Há todo um efeito teatral de «cartel dentro do cartel». Veja-se o que aqui se reproduz, datado de 1915. À luz de um candeeiro (é a inauguração das touradas nocturnas no Campo Pequeno...) um grupo de espectadores aponta para os nomes dos lidadores, o cavaleiro José Casimiro e o matador Agustín García Malla, numa composição de magnífico efeito.

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