domingo, 25 de abril de 2010
Mulheres na arena
Nos últimos anos, uma das grandes mudanças verificadas no ambiente taurino português foi, sem dúvida, o triunfo de mulheres no toureio a cavalo. Quem, há vinte ou trinta anos, encarava com naturalidade que num cartel, ao lado de cavaleiros e em plano de igualdade com estes, figurassem mulheres? É certo que houve o antecedente de Conchita Cíntron. Mas Conchita toureou poucos anos, e nunca deixou de enfrentar a oposição de muitos colegas do sexo masculino, que se negavam a actuar com ela unicamente por ser mulher...
Felizmente, as mentalidades e os tempos são outros. Ana Batista e Sónia Matias, as duas cavaleiras que mais elevada cotação atingiram, cumprem na presente temporada dez anos de alternativa. Conseguiram profissionalizar-se, triunfaram e. tão importante como isso, tornaram normal o facto de outras mulheres quererem demonstrar provar o seu mérito nas arenas.
No entanto, a «batalha» não foi ganha com facilidade, como se conclui da entrevista que ambas concederam recentemente à revista «Novo Burladero». «Alguma vez sentiu vantagem, tanto no trato com os seus colegas do sexo masculino como na apreciação que o público faz de si, pelo facto de ser mulher?» Resposta de Sónia: «Nem vantagem nem desvantagem. Obviamente que há um certo público que tem tendência a acarinhar um pouco mais pelo facto de ser mulher. Relativamente aos colegas, inicialmente não foi tão fácil. Houve alguns, com quem actualmente me dou lindamente e até somos amigos e me respeitam, que se opuseram à minha entrada nos cartéis». A resposta de Ana não é tão directa, mas mostra que se no início houve reservas, elas foram ultrapassadas: «Em Portugal, quase todos os meus colegas foram sempre cavalheiros comigo, com palavras de apoio e conforto». Quanto ao público, Ana, que rodou alguns anos por Espanha com outras cavaleiras, sublinha as diferenças entre espanhóis e portugueses: «Em Espanha havia zonas em que nos arrasavam». Por cá, os espectadores reagem melhor. «Desde que o público me aceite e respeite, ainda cá vou andar muitos anos», exclama Sónia, com a certeza de que quando se retirar, não será por culpa do seu sexo.
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