Num momento em que o Benfica está à beira de ser campeão nacional, é oportuno recordar o contributo dos aficionados para a construção do antigo Estádio da Luz. Tal construção só foi possível através de uma gigantesca campanha de recolha de fundos, lançada pelo presidente Joaquim Ferreira Bogalho. A campanha incluiu um festival taurino, realizado no Campo Pequeno em 26 de Outubro de 1952.
Do cartel constavam os cavaleiros João Núncio, José Rosa Rodrigues e Francisco Sepúlveda, os diestros Manuel dos Santos, António dos Santos, Joaquim Marques e Francisco Mendes, e os forcados amadores de Lisboa. À última hora, juntou-se-lhes o matador espanhol Manolo González, que se disponibilizou para lidar um dos novilhos cedidos por Cláudio Moura.
A gerência do Campo Pequeno, na pessoa de José Ricardo Domingues Júnior, filho do empresário, tudo fez «para o bom êxito da iniciativa.» Só o tempo não ajudou. «Toda a manhã de domingo choveu a bom chover, chuva miudinha que irritava e entristecia, e que pôs o chão da arena em ‘papa’.» A praça não encheu, mas mesmo assim o clube arrecadou uma receita líquida de 150 contos.
Conta o jornal «O Benfica» que «os cavalos, quer os das cortesias, quer os de combate - ostentavam grinaldas de cor vermelho-branco». Manuel Santareno, «o competente chefe de curros do Campo Pequeno, o mago da embolação, quis também homenagear o SLB, e forrou de vermelho-branco as bandarilhas empregadas na lide, sendo obra sua, também, a bandeirinha que se desfraldava nas farpas dos cavaleiros, após serem cravadas nos touros.»
O facto mais marcante da corrida foi a saída pela Porta Grande dos forcados de Lisboa, em condições muito especiais. Segundo o antigo forcado Carlos Patrício Álvares (Chaubet), no seu livro «Pega de Caras», Manuel dos Santos terá incitado os forcados a pegarem a rês que acabara de tourear. «Estes, satisfeitos por poderem mostrar que pegavam sem dificuldade o que entre nós se toureia a pé, imediatamente acederam.» A pega foi concretizada e muito aplaudida, mas o director de corrida não esteve pelos ajustes e ordenou que o pegador fosse detido. «Evidentemente, bem à grupo de Lisboa da época –se vai um vão todos – lá saiu o grupo todo pela Porta Grande, escoltados pela polícia.» Os forcados foram libertados a tempo de poderem comparecer no jantar oferecido pelo Benfica, na Adega Mesquita. Nuno Salvação Barreto, esse, ficou sob custódia, mas enviou um telegrama aos seus rapazes: «A lei não me deixa comparecer, mas o vosso cabo está convosco. Viva o Benfica».
terça-feira, 20 de abril de 2010
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Um comentário:
Esto demuestra que en más ocasiones de las imaginables, los toros y el fútbol han ido de la mano. Un saludo desde España de un benfiquista y atlético (Atlético de Madrid)
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