segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Afinal, em Évora há burladeros
Quem disse que não existiam burladeros na praça de Évora? Existem sim senhor, só que nunca (subentenda-se, nos últimos anos) foram utilizados. A garantia é dada por Carlos Pegado, empresário daquela praça alentejana, em entrevista ao blogue Naturales.
E como explica Pegado que os burladeros estejam agora a ganhar teias de aranha, apesar de Évora ter uma praça por onde passaram grandes nomes da arte de Montes? Simples: «prende-se com o facto de que a realidade se alterou muito, alguns anos antes de eu ser empresário. A corrida apeada como se faz no nosso país resulta, para os aficionados, num espectáculo amputado e de pouca emoção, onde raramente conseguimos ver um pouco de bom toureio». Como espectáculo, também não é rentável para as empresas, pois «não há figuras em Portugal e as figuras de Espanha não atraem público às nossas praças, nomeadamente no Alentejo, onde devido à proximidade com Espanha os aficionados preferem deslocar-se e ver a corrida integral, que não é possível realizar no nosso país». E conclui Pegado: «Será necessário fazer um trabalho de base para que se volte a criar o gosto e o hábito no público português.»
Carlos Pegado tem razão quando qualifica o toureio a pé em Portugal como «espectáculo amputado e de pouca emoção». Além disso, diz o «empresário-forcado», «não há figuras em Portugal e as figuras de Espanha não atraem público às nossas praças». (Pegado esquece-se do agrado com que recentemente foram vistos, no Campo Pequeno, nomes como El Cid, Morante ou Perera, mesmo com reses amputadas).
Mas pensareis vós, leitores, que Pegado está disposto a mexer um dedo para alterar a situação, pois conduzir uma empresa não deve servir só para embolsar umas maquias, mas também fazer alguma coisinha pelo sector em que trabalhamos. Qual quê: quem gosta de toureio a pé, que vá vê-lo a Espanha, que, de resto, até fica pertinho. O argumento está ao nível do que responderiam os mandões do tempo da outra senhora, em que havia, entre outras maravilhas, censura ao cinema: gostam de ver filmes que em Portugal são proibidos? Metam-se no comboio ou no avião e vão vê-los a Espanha ou a França! Não queriam mais nada...
O empresário de Évora dá-se até ao luxo de, como quem descobre a pólvora, salientar que «para que se volte a criar o gosto [pelo toureio a pé] no público português», é «necessário um trabalho de base». Com a ajuda da praça de Évora, dando espectáculos de oportunidade a jovens bezerristas ou novilheiros, por exemplo? Que é lá isso!...Évora, é bom lembrar, é a capital do forcado!
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2 comentários:
Esta polémica me recuerda a Pedro Romero, cuando creía innecesaria la existencia de burladeros en la plaza. Y es que más de doscientos años después la historia se repite.
Un saludo
O problema não é bem esse... Antes fosse!
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