sexta-feira, 24 de abril de 2009

Que diferença!

Não vi mais do que vinte minutos do programa «Aqui e Agora» de ontem, sobre direitos dos animais. Mas o que observei deu para adivinhar o resultado do debate, que alguns blogues, hoje, confirmaram. A argumentação fria, racional, do «animalista» e «vegan» Miguel Moutinho, a maior clareza na exposição das ideias e um treino superior neste género de debates, parecem ter levado a melhor, uma vez mais, sobre o discurso terra-a-terra dos pró-taurinos: um cavaleiro, João Telles, e um empresário ex-forcado, Carlos Pegado, nitidamente com pouca «estaleca» para aquilo.
Quem poderá defender eficazmente os pontos de vista dos aficionados? Não sei. Mas duma coisa tenho a certeza: debates deste género têm que ser travados com argumentos mais elevados (éticos, filosóficos), que nitidamente escapam à grande maioria dos profissionais do toureio e dos paupérrimos críticos da nossa praça.
Uma vez mais, a questão resume-se à ausência de pensamento sobre o fenómeno taurino no nosso país. A afición lusitana não se distingue por usar a cabeça, e quando se junta é mais para beber uns copos ou distribuir prémios (?) a um lote de «artistas» que agora até inclui emboladores... Com este panorama, só em sonhos se poderá pedir a Telles e a Pegado a fluência discursiva e a solidez argumentativa exibida, por exemplo, por Andrés Amorós, no programa televisivo «Câmara Clara», há uns meses atrás.
Falta massa crítica à tauromaquia em Portugal. O chamado mundillo resume-se a pessoas directamente interessadas no fenómeno, desde ganadeiros a «críticos», alguns dos quais, numa delirante promiscuidade, são igualmente apoderados ou representantes de toureiros. É preciso que o meio se abra ao exterior. Que tente atraír personalidades de outros campos do conhecimento, para o estudo, a reflexão e o debate sobre a Festa, em vez de uma postura «orgulhosamente só», insustentável nos tempos que correm. Ganhará assim o respeito e a credibilidade que tantas vezes lhe faltam.

Um comentário:

Pedro Santos Vaz disse...

Realmente a falta de argumentos e de um discurso estudado mas simples e fluente tornou apagada a participação dos defensores da festa bravano programa aqui e agora.
Sugeria a organização de uma tertúlia online onde se pudessem reunir argumentos e trocar ideias sobre a defesa da tauromaquia.
Pedro Santos Vaz
nossafesta.blogs.sapo.pt