matadores de touros dos alvores do século XIX. Nascido em Utrera, em 1783, Guillén cedo começou a colher êxitos em Madrid e Sevilha, alternando com os diestros mais importantes do seu tempo, entre os quais José Romero e Jerónimo José Cândido. Curiosamente, a carreira de Curro Guillén encontra-se ligada a Portugal, país para onde foi «empurrado» pela invasão de Espanha pelas tropas napoleónicas.
O toureiro terá chegado a Lisboa em 1812, na companhia de outros bons lidadores, como Juan Jiménez El Morenillo, e rapidamente se popularizou, não apenas pelos triunfos nas arenas como pela sua personalidade. «Retratos seus, recordações e peças da sua indumentária vendiam-se em Lisboa a altos preços», conta José María de Cossío («Los Toros», III vol.).
A graça e o garbo do sevilhano, «unidos a uma figura gentil e galharda e a um carácter simpático e alegre», conquistaram-lhe «a simpatia de todas as classes sociais lisboetas, e as aventuras e conquistas amorosas que efectuou foram soadas e comentadas por largo tempo.» Ao fim de dois anos, Curro Guillén pensou voltar a Espanha, mas os portugueses tentaram retê-lo de todos os modos. Segundo Cossío, até as autoridades portuguesas «fizeram dispendiosos esforços e ofereceram-lhe grandes somas para que ficasse mais tempo.» Chegaram a mentir-lhe, dizendo que o rei espanhol Fernando VII pensava em acabar com as corridas de toiros. Apesar destas instâncias, Guillén regressou ao seu país, onde prosseguiu a sua triunfante carreira. Esta veio a terminar a 21 de Maio de 1820, na praça de Ronda, quando um toiro de Cabrera lhe inferiu uma cornada mortal. Para a posteridade ficou um verso, deliciosamente hiperbólico, que traduz a grandeza toureira do sevilhano: «Bien puede decir que ha visto/ lo que en el mundo hay que ver/ el que ha visto matar toros/ al señor Curro Guillén».
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