quarta-feira, 11 de março de 2009

Sobre a naturalidade

«Cuadernos de Tauromaquia», uma das mais interessantes revistas taurinas do momento, vai no seu terceiro número. Ao mérito dos temas e à profundidade com que são abordados, soma-se um factor não neglicenciável para nós, portugueses: encontra-se facilmente à venda, quer em Lisboa quer no interior (sul, pelo menos) do país. Um dos atractivos deste nº 3 da revista é a rubrica Taurologías, na qual, a propósito do conceito de naturalidade no toureio e da personalidade do diestro sevilhano Pepe Luis Vázquez, se tecem pertinentes considerações.
Para Ángel Cervantes, o autor do texto, como certamente para muitos outros aficionados, a quietude é um dos conceitos mais valorizados no toureio dos nossos dias. Uma mão cheia de matadores importantes, como José Tomás, Miguel Ángel Perera, Alejandro Talavante, Sebastián Castella e outros, fazem da quietude o condimento essencial das suas lides. Imóveis, indiferentes ao furor do adversário, ligam passes num palmo de terreno. Tanta firmeza desperta a emoção do público e, naturalmente, o aplauso. Mas, questiona Ángel Cervantes, o que é feito da naturalidade? Porque além de cultivar o imobilismo, um toureiro deve também saber andar na cara do touro. Com elegância e sentido estético. Com arte.
E o que é a naturalidade para Ángel Cervantes? É a falta de artifício; a falta de afectação; a falta de cerimónia. Tudo qualidades que Pepe Luis, a quem chamaram o Sócrates de San Bernardo, possuía como poucos. Onde páram, hoje, estes conceitos? (Apunte de Venancio González Garcia)

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