As obras de tema tauromáquico escasseiam no mercado português. A produção nacional é diminuta e nem sempre o que se publica chega às bancas, por dificuldades de distribuição ou outras. Quanto às obras editadas em países como a França e a Espanha, que são inúmeras, não conseguem vencer os diques do desinteresse dos nossos livreiros. É certo que a Internet está aí, mas nem toda a gente se ajeita a encomendar livros por essa via.
De vez em quando, porém, o mercado reserva-nos surpresas. É o caso de «Per El Yiyo», do poeta francês Bernard Manciet, editado em 2002 pela Campo das Letras. O livro é uma elegia ao toureiro José Cubero El Yiyo, tragicamente morto na praça de Colmenar Viejo, em 1985. Formado por um único poema, dividido em quatro partes, a obra tem uma estrutura dramática, com um conjunto de personagens (o Touro, a Criança, o Primogénito, o Morto) e, à maneira da tragédia grega, um coro.
O seu autor, Bernard Manciet (1923-2005), nasceu em Sabres, cidade do departamento de Landes, no sudoente da França. Grande parte da sua obra foi escrita em gascão, a língua original da região da Aquitânia, onde o poeta nasceu.
De «Per El Yiyo»: «O Touro: Afagas-me com a tua voz ácida e dourada/é como afagar o infortúnio/antigo e o tormento dos mortos/que transporto sobre o coração/mas tem cuidado porque sou avesso a carícias/depois de tantos séculos de amargura/o nosso deus das profundezas não gosta do roçar da/ felicidade/cuidado que não destrua eu o dia» (Tradução de José Nogueira Gil)
quinta-feira, 4 de março de 2010
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