quarta-feira, 14 de abril de 2010

O «clássico» e o «moderno»?

Anuncia-se para 1 de Maio, em Beja, um mano-a-mano entre o cavaleiro António Ribeiro Telles e o rejoneador Diego Ventura. Em grandes parangonas, o cartel apresenta António Telles como «O Clássico» e Ventura como «O Moderno». Por mim, chamo a essa qualificação publicidade enganosa e mais uma prova da desinformação que grassa no actual meio taurino português. Para começar, quem fez o cartel não percebe, ou não quer perceber, que toureio equestre à portuguesa e rejoneo, ou rejoneio, são coisas distintas e incomparáveis. Por mais aproximações que os rejoneadores espanhóis façam ao nosso toureio a cavalo, as duas escolas são diferentes, e, digo eu, assim devem continuar, a bem da diversidade da festa de touros. E como as realidades não são as mesmas, não se pode chamar a Telles «clássico», se se chama a Ventura «moderno». O cavaleiro da Torrinha é um «clássico« no universo do toureio a cavalo à portuguesa.  Nesse mesmo universo, há outros cavaleiros menos «clássicos», ou mais «modernos», sem deixarem de tourear à portuguesa.
Recuando alguns anos, João Núncio era «clássico» em relação, por exemplo, a Mestre Baptista, que praticava um toureio mais espectacular e «moderno», mas sem abdicar das regras da chamada arte de Marialva. Em resumo: não pode transmitir-se a ideia falsa que a modernidade do toureio equestre, e ainda menos do toureio equestre à portuguesa, são as cabriolas de Ventura. O cavaleiro de Puebla del Rio será «moderno» no contexto do rejoneio; mas não o é à luz do nosso toureio a cavalo, porque as regras dum e doutro não se confundem.

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