quinta-feira, 1 de abril de 2010

Benoliel, fotógrafo (também) taurino


Joshua Benoliel foi o primeiro grande repórter fotográfico português.   De origem israelita, «magro, cheio de vivezas, de colarinhos altos a esconderem-lhe o pescoço», como o descreveu Rocha Martins, intuiu antes de todos o impacte da imagem fotográfica na imprensa, especialmente quando nela se plasma o «instante decisivo» a que aludirá, anos depois, Cartier-Bresson. Nascido em 1878, Benoliel começou a fotografar profissionalmente em 1902. No ano seguinte inicia uma colaboração com a «Ilustração Portuguesa», revista semanal d'«O Século», que durou até 1918. Na «Ilustração Portuguesa», a câmara de Benoliel contará centenas de histórias, realizando, segundo Rocha Martins, «o que raramente um artista pode conceber: embrechar com tragédia a força e com o drama o vulgar decorrer da vida». Repórter para todo o serviço, Joshua Benoliel fez a cobertura de numerosas corridas de toiros realizadas no Campo Pequeno, ao serviço da «Ilustração Portuguesa». Através dos seus clichés chegam-nos as lides agitadas dos anos 10, com toiros ressabiados a perseguirem cavalos espavoridos ou a colocarem em apuros um espada dos antigos, de muleta na mão e montera na cabeça. Como este cliché que em cima se reproduz, duma corrida picada em Lisboa, em Junho de 1909, em que toureou o califa cordovês Rafael González Machaquito.

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