terça-feira, 5 de maio de 2009

Em defesa da Festa (V)

Se os ataques à Festa de touros com base na protecção dos animais são já, por assim dizer, clássicos, a utilização de argumentos relacionados com a «saúde», como fez o presidente da Câmara de Viana do Castelo, é original. Segundo Defensor Moura, a realização de corridas no seu município prejudica a imagem de Viana como «cidade saudável».
Alegações deste tipo inscrevem-se na vaga higienista iniciada com as medidas anti-tabaco, que em alguns países descambaram em perseguição aos fumadores. Estendeu-se depois a determinados alimentos, com a ajuda de normas vindas de Bruxelas. No fundo, trata-se de impor coercivamente comportamentos considerados «saudáveis», desprezando muitas vezes os direitos e liberdades individuais. O sonho desta ofensiva moralista é a criação, artificial, de cidadãos «saudáveis» e livres de vícios, resplandecentes de virtude e aptos a viver muitos anos sem sobrecarregar a segurança social pública. Conseguirão assim, julgam eles, criar o «Homem Novo», missão que também se propuseram, sem grandes resultados, os regimes comunistas e fascistas
É uma cidade povoada por homens deste tipo, asséptica como uma localidade termal suíça, que Defensor Moura certamente idealiza. Cabe, no entanto, perguntar ao digno presidente em que medida a proibição de uma corrida de touros (a única que se realizava anualmente na cidade) contribui para tornar Viana mais «saudável»? Acaso a assistência a espectáculos taurinos provoca danos à saúde? Não nos parece... Passando para o plano animal, pergunta-se se os animais de Viana do Castelo passarão a ter melhores condições de vida se não houver ali corridas. Serão construídos mais canis ou prestada maior atenção aos animais abandonados? Só a autarquia poderá responder a estas questões e explicitar o seu conceito de «cidade saudável». À falta disso, as alegações de Defensor Moura são iguais às de tantos demagogos que povoam os centros do poder.

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