António Chenel, Antoñete, agora desaparecido, toureou um mão cheia de vezes em Portugal, nomeadamente em Lisboa. Uma das suas melhores actuações no Campo Pequeno aconteceu em 1970, num festival a favor das vítimas dum terramoto ocorrido no Perú. Leia-se parte da crónica do crítico Nizza da Silva, publicada no «Diário Popular».
Festival inolvidável no Campo Pequeno
Ontem, no Campo Pequeno, com a praça a abarrotar de gente, realizou-se o festival a favor das vítimas da catástrofe do Perú, organizado por Conchita Cintrón, que resultou num espectáculo inolvidável em que triunfaram o ganadeiro António Cabral de Ascensão, de Brinches, e os matadores de touros António Bienvenida, Manuel dos Santos, Miguel Baez El Litri, António Chenel Antoñete, Amadeu dos Anjos e José Falcão, seis ‘monstros’ do toureio contemporâneo, e Alfonso Navalón, ilustre crítico tauromáquico do jornal «Informaciones».
É muito difícil descrever a beleza do festival porque todos os toureiros se empregaram a fundo para encantarem o público com faenas de antologia que jamais esquecerão.
Os touros, quatro pelo menos, foram maravilhosos, mas é verdade que encontraram adversários com ofício e arte suficientes para brilharem a toda a altura. António Cabral de Ascensão, de Brinches, conquistou ontem o maior triunfo da sua vida e a consagração como ganadeiro excepcional.
António Bienvenida com a sua maestria deu alto nível ao festival. Recebeu o primeiro novilho com belas verónicas lentas, chicuelinas preciosas e rematou com meia verónica, lentamente. Simulou o quite por chicuelinas e Amadeu dos Anjos, jogando os braços com assombrosa tranquilidade desenhou bonitas gaoneras. José Agostinho e Carlos dos Santos cravaram bons pares de bandarilhas. Bienvenida pegou na muleta, brindou o embaixador do Perú e, depois de suaves passes de tenteio, correu a mão em derechazo de superior qualidade. A música tocou e o diestro toureou ao natural, deslocando preguiçosamente o engano em cada passe, até rematar com o forçado de peito clássico. Os aplausos e os olés acompanharam a brilhante faena de António Bienvenida que, entusiasmado, prosseguiu majestoso a tourear ao natural e acabou com adornos preciosos. Simulou a estocada e foi premiado com ovação calorosa, voltou à arena e recebeu chamada até ao centro do redondel.
Manuel dos Santos foi sempre um toureiro de casta e, ontem, no Campo Pequeno, teve uma actuação colossal, talvez em arte pura, uma das melhores da sua vida. As verónicas que executou podem ser classificadas como extraordinárias, assim como as chicuelinas que desenhou a seguir e a faena de muleta, assombrosa em qualidade, foi um tratado de tauromaquia. Muletazos, impregnados de temple, com princípio, meio e fim, em que o inimigo nunca lhe tocou na muleta provocaram delírio nas bancadas e Manuel dos Santos, tal como há vinte anos, saboreou o prazer do triunfo alcançado O público em pé atirou-lhe flores, prendas e obrigou-o a dar três voltas triunfais ao redondel.
Miguel Baez El Litri não teve sorte com o touro que lhe saiu mas resolveu o problema com valentia e saber. Boas chicuelinas e uma faena de muleta a consentir e a mandar. O público apreciou a sua boa vontade e obrigou-o a dar a volta ao ruedo.
Em quarto lugar saiu um touro extraordinário e, com ele, Antoñete bordou uma actuação fora de série que pôs em delírio a assistência.
Lindas verónicas e um espectacular quite por alto rematado com elegância. Brindou a faena a Conchita e os primeiros muletazos, a dobrar e a levar o touro para os médios obrigaram a música a tocar. Depois tranquilo, elegante, majestoso, Antoñete toureou pela direita e ao natural. A emoção apoderou-se do público e Antoñete agigantou-se e toureou maravilhosamente e, quando simulou a estocada, os aplausos foram ensurdecedores. Voltas ao ruedo, outra com o ganadeiro, ainda outra com os companheiros e, sozinho, agradeceu no centro da arena.(...)
Festival inolvidável no Campo Pequeno
Ontem, no Campo Pequeno, com a praça a abarrotar de gente, realizou-se o festival a favor das vítimas da catástrofe do Perú, organizado por Conchita Cintrón, que resultou num espectáculo inolvidável em que triunfaram o ganadeiro António Cabral de Ascensão, de Brinches, e os matadores de touros António Bienvenida, Manuel dos Santos, Miguel Baez El Litri, António Chenel Antoñete, Amadeu dos Anjos e José Falcão, seis ‘monstros’ do toureio contemporâneo, e Alfonso Navalón, ilustre crítico tauromáquico do jornal «Informaciones».
É muito difícil descrever a beleza do festival porque todos os toureiros se empregaram a fundo para encantarem o público com faenas de antologia que jamais esquecerão.
Os touros, quatro pelo menos, foram maravilhosos, mas é verdade que encontraram adversários com ofício e arte suficientes para brilharem a toda a altura. António Cabral de Ascensão, de Brinches, conquistou ontem o maior triunfo da sua vida e a consagração como ganadeiro excepcional.
António Bienvenida com a sua maestria deu alto nível ao festival. Recebeu o primeiro novilho com belas verónicas lentas, chicuelinas preciosas e rematou com meia verónica, lentamente. Simulou o quite por chicuelinas e Amadeu dos Anjos, jogando os braços com assombrosa tranquilidade desenhou bonitas gaoneras. José Agostinho e Carlos dos Santos cravaram bons pares de bandarilhas. Bienvenida pegou na muleta, brindou o embaixador do Perú e, depois de suaves passes de tenteio, correu a mão em derechazo de superior qualidade. A música tocou e o diestro toureou ao natural, deslocando preguiçosamente o engano em cada passe, até rematar com o forçado de peito clássico. Os aplausos e os olés acompanharam a brilhante faena de António Bienvenida que, entusiasmado, prosseguiu majestoso a tourear ao natural e acabou com adornos preciosos. Simulou a estocada e foi premiado com ovação calorosa, voltou à arena e recebeu chamada até ao centro do redondel.
Manuel dos Santos foi sempre um toureiro de casta e, ontem, no Campo Pequeno, teve uma actuação colossal, talvez em arte pura, uma das melhores da sua vida. As verónicas que executou podem ser classificadas como extraordinárias, assim como as chicuelinas que desenhou a seguir e a faena de muleta, assombrosa em qualidade, foi um tratado de tauromaquia. Muletazos, impregnados de temple, com princípio, meio e fim, em que o inimigo nunca lhe tocou na muleta provocaram delírio nas bancadas e Manuel dos Santos, tal como há vinte anos, saboreou o prazer do triunfo alcançado O público em pé atirou-lhe flores, prendas e obrigou-o a dar três voltas triunfais ao redondel.
Miguel Baez El Litri não teve sorte com o touro que lhe saiu mas resolveu o problema com valentia e saber. Boas chicuelinas e uma faena de muleta a consentir e a mandar. O público apreciou a sua boa vontade e obrigou-o a dar a volta ao ruedo.
Em quarto lugar saiu um touro extraordinário e, com ele, Antoñete bordou uma actuação fora de série que pôs em delírio a assistência.
Lindas verónicas e um espectacular quite por alto rematado com elegância. Brindou a faena a Conchita e os primeiros muletazos, a dobrar e a levar o touro para os médios obrigaram a música a tocar. Depois tranquilo, elegante, majestoso, Antoñete toureou pela direita e ao natural. A emoção apoderou-se do público e Antoñete agigantou-se e toureou maravilhosamente e, quando simulou a estocada, os aplausos foram ensurdecedores. Voltas ao ruedo, outra com o ganadeiro, ainda outra com os companheiros e, sozinho, agradeceu no centro da arena.(...)
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